A extração do hidrogênio verde no Brasil é feita por meio do processo de eletrólise, que quebra a molécula de água em hidrogênio e oxigênio. A energia para este processo é proveniente de fontes renová
- AB Agência Brasil
- 26 de jan.
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A extração do hidrogênio verde no Brasil é feita por meio do processo de eletrólise, que quebra a molécula de água em hidrogênio e oxigênio.
A energia para este processo é proveniente de fontes renováveis, como a solar e a eólica.
Elemento químico mais abundante do universo, o hidrogênio (H) está presente na gordura hidrogenada do sorvete e da margarina, no fertilizante que chega à mesa das pessoas por meio das verduras e frutas, ou mesmo no processo de produção da gasolina que abastece os automóveis. Ou seja, este gás encontra-se mais presente na rotina da população do que podemos imaginar. Em tempos de emergência climática e da necessidade de reduzir e/ou eliminar os combustíveis fósseis, o mundo discute atualmente o potencial do hidrogênio verde (H2V), um vetor energético livre de gases do efeito estufa em sua produção, capaz de abastecer veículos de grande porte, como aviões e navios, além de fornecer energia aos equipamentos industriais. De acordo com os especialistas em energia ouvidos pelo Notícia Sustentável, o hidrogênio verde pode vir na forma líquida e mais leve, com o diferencial de, quando armazenado em uma célula combustível, emitir apenas ar quente e água. E se engana quem pensa que o assunto beira a utopia de filmes futuristas com carros voadores ou desenhos animados como o clássico Os Jetsons. Um dos temas mais discutidos na 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), realizada na primeira quinzena de novembro, em Glasgow (Escócia), o hidrogênio verde já é uma realidade nos Estados Unidos, na Europa Ocidental, China, Austrália, África do Sul e Chile, onde já conta com plantas industriais para a sua produção e armazenamento. Uma estimativa recente do Goldman Sachs, aponta que o mercado global de H2V valerá US$ 11 trilhões até 2050.
O que é o hidrogênio verde?
Mais do que uma fonte energética propriamente dita, o hidrogênio verde é uma espécie de vetor energético cuja produção dispensa a queima de combustíveis fósseis. Funciona assim: por meio de um processo físico-químico chamado eletrólise se dá a separação das moléculas de hidrogênio e oxigênio da água, com a ajuda de uma corrente elétrica. Fontes renováveis de energia, como eólica, solar ou biomassa são incorporadas nesse processo, o que justifica o verde do nome. É que o único resíduo gerado pelas células combustíveis nesse sistema de separação e produção de eletricidade é o vapor de água. Já os chamados hidrogênios cinza, marrom ou azul utilizam matérias-primas como gás natural ou carvão, poluentes que emitem gases de efeito estufa na atmosfera.
O Brasil possui grande potencial para a produção de hidrogênio verde, devido às suas reservas de água doce e ao avanço das energias renováveis.
O país pode se tornar um grande produtor mundial de hidrogênio verde, o que contribuiria para a transição energética e para a redução da dependência de combustíveis fósseis.
Alternativa versátil
Para o analista da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Uwe Remme, o aspecto complementar do hidrogênio verde é extremamente importante. “A eletricidade de fontes renováveis é fundamental para descarbonizar o Planeta — mas ela não pode fazer isso sozinha, e o transporte de longa distância e as indústrias pesadas são o lar das emissões mais difíceis de reduzir.”
Na avaliação de Remme, o hidrogênio é versátil o suficiente para suprir algumas dessas lacunas críticas. “Ele pode fornecer matérias-primas vitais voltadas às indústrias química e siderúrgica ou ingredientes cruciais para combustíveis de baixo carbono para aviões e navios”, acrescenta o especialista da IEA.
Competitividade e projeção
Um relatório da IEA divulgado neste ano revelou que, caso governos e indústrias obtenham sucesso no desenvolvimento do hidrogênio verde, esse combustível com baixo teor de carbono ganhará competitividade em relação ao hidrogênio azul até 2030. Já para 2050, a projeção é de que 62% da produção mundial seja do verde e 35% do azul (este último correspondia a 95% em 2020).
“A gente precisa entender que, para implantação do processo de consumo e distribuição de hidrogênio, é preciso fazer uma transição, um processo contínuo a partir do consumo do hidrogênio cinza, que é aquele da reforma do metano. Não é virando a chave, deixando de produzir o cinza e passando a produzir o renovável que se resolve. Precisamos (gradualmente) diminuir a produção de um e aumentar a produção do outro”, defende o diretor do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.
Alguns projetos de produção de hidrogênio verde no Brasil são:
Projeto Piloto de H2V no Complexo Termelétrico do Pecém, no Ceará
Planta de produção de hidrogênio verde em larga escala da Unigel, no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia
Projeto H2Brasil, uma parceria entre o Brasil e a Alemanha para o desenvolvimento sustentável
Para expandir a produção de hidrogênio verde no Brasil, é necessário investir em formação técnica especializada.
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