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A extração do hidrogênio verde no Brasil é feita por meio do processo de eletrólise, que quebra a molécula de água em hidrogênio e oxigênio. A energia para este processo é proveniente de fontes renová

A extração do hidrogênio verde no Brasil é feita por meio do processo de eletrólise, que quebra a molécula de água em hidrogênio e oxigênio.

A energia para este processo é proveniente de fontes renováveis, como a solar e a eólica. 

Elemento químico mais abundante do universo, o hidrogênio (H) está presente na gordura hidrogenada do sorvete e da margarina, no fertilizante que chega à mesa das pessoas por meio das verduras e frutas, ou mesmo no processo de produção da gasolina que abastece os automóveis. Ou seja, este gás encontra-se mais presente na rotina da população do que podemos imaginar. Em tempos de emergência climática e da necessidade de reduzir e/ou eliminar os combustíveis fósseis, o mundo discute atualmente o potencial do hidrogênio verde (H2V), um vetor energético livre de gases do efeito estufa em sua produção, capaz de abastecer veículos de grande porte, como aviões e navios, além de fornecer energia aos equipamentos industriais. De acordo com os especialistas em energia ouvidos pelo Notícia Sustentável, o hidrogênio verde pode vir na forma líquida e mais leve, com o diferencial de, quando armazenado em uma célula combustível, emitir apenas ar quente e água. E se engana quem pensa que o assunto beira a utopia de filmes futuristas com carros voadores ou desenhos animados como o clássico Os Jetsons. Um dos temas mais discutidos na 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), realizada na primeira quinzena de novembro, em Glasgow (Escócia), o hidrogênio verde já é uma realidade nos Estados Unidos, na Europa Ocidental, China, Austrália, África do Sul e Chile, onde já conta com plantas industriais para a sua produção e armazenamento. Uma estimativa recente do Goldman Sachs, aponta que o mercado global de H2V valerá US$ 11 trilhões até 2050.

O que é o hidrogênio verde?

Mais do que uma fonte energética propriamente dita, o hidrogênio verde é uma espécie de vetor energético cuja produção dispensa a queima de combustíveis fósseis. Funciona assim: por meio de um processo físico-químico chamado eletrólise se dá a separação das moléculas de hidrogênio e oxigênio da água, com a ajuda de uma corrente elétrica. Fontes renováveis de energia, como eólica, solar ou biomassa são incorporadas nesse processo, o que justifica o verde do nome. É que o único resíduo gerado pelas células combustíveis nesse sistema de separação e produção de eletricidade é o vapor de água. Já os chamados hidrogênios cinza, marrom ou azul utilizam matérias-primas como gás natural ou carvão, poluentes que emitem gases de efeito estufa na atmosfera.

O Brasil possui grande potencial para a produção de hidrogênio verde, devido às suas reservas de água doce e ao avanço das energias renováveis.

O país pode se tornar um grande produtor mundial de hidrogênio verde, o que contribuiria para a transição energética e para a redução da dependência de combustíveis fósseis. 

Alternativa versátil

Para o analista da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Uwe Remme, o aspecto complementar do hidrogênio verde é extremamente importante. “A eletricidade de fontes renováveis é fundamental para descarbonizar o Planeta — mas ela não pode fazer isso sozinha, e o transporte de longa distância e as indústrias pesadas são o lar das emissões mais difíceis de reduzir.”

Na avaliação de Remme, o hidrogênio é versátil o suficiente para suprir algumas dessas lacunas críticas. “Ele pode fornecer matérias-primas vitais voltadas às indústrias química e siderúrgica ou ingredientes cruciais para combustíveis de baixo carbono para aviões e navios”, acrescenta o especialista da IEA.

Competitividade e projeção

Um relatório da IEA divulgado neste ano revelou que, caso governos e indústrias obtenham sucesso no desenvolvimento do hidrogênio verde, esse combustível com baixo teor de carbono ganhará competitividade em relação ao hidrogênio azul até 2030. Já para 2050, a projeção é de que 62% da produção mundial seja do verde e 35% do azul (este último correspondia a 95% em 2020).

“A gente precisa entender que, para implantação do processo de consumo e distribuição de hidrogênio, é preciso fazer uma transição, um processo contínuo a partir do consumo do hidrogênio cinza, que é aquele da reforma do metano. Não é virando a chave, deixando de produzir o cinza e passando a produzir o renovável que se resolve. Precisamos (gradualmente) diminuir a produção de um e aumentar a produção do outro”, defende o diretor do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.

Alguns projetos de produção de hidrogênio verde no Brasil são:

  • Projeto Piloto de H2V no Complexo Termelétrico do Pecém, no Ceará 

  • Planta de produção de hidrogênio verde em larga escala da Unigel, no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia 

  • Projeto H2Brasil, uma parceria entre o Brasil e a Alemanha para o desenvolvimento sustentável 

Para expandir a produção de hidrogênio verde no Brasil, é necessário investir em formação técnica especializada. 


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