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PDE 2034 aponta R$ 128 bi de investimentos na transmissão de energia Estimativa é que R$ 39 bi sejam aplicados na renovação de ativos, principalmente nas subestações de energia existentes

PDE 2034 aponta R$ 128 bi de investimentos na transmissão de energia

Estimativa é que R$ 39 bi sejam aplicados na renovação de ativos, principalmente nas subestações de energia existentes

O Brasil avança na expansão de sua infraestrutura de transmissão de energia para atender a diversas frentes de demanda, como o escoamento da geração renovável excedente do Nordeste e o crescente consumo estimado para data centers, especialmente em São Paulo.

O documento-chave para entender esse cenário chama-se Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE). Elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelo planejamento energético do país, a edição mais recente (PDE 2034) indica as razões que pautam os investimentos previstos em várias áreas, inclusive na transmissão de energia.

Somente neste segmento, o documento estima um montante de R$ 128 bilhões na expansão das linhas de transmissão e subestações, no período de 2025 a 2034. Outros R$ 39 bilhões adicionais devem ser aplicados na infraestrutura atual de transmissão, a fim de renovar as subestações existentes.

De acordo com o estudo, a expansão do setor, até 2034, deve adicionar cerca de 30 mil km de linhas de transmissão ao país, elevando a infraestrutura total para aproximadamente 217 mil km. Esse acréscimo representa um aumento de cerca de 16% a 17% em relação à rede atual de 187 mil km.

Um aumento similar, de cerca de 17%, é previsto para a capacidade de transformação (medida pela potência dos transformadores nas subestações), que passa de 482 mil MVA (megavolt-ampère) para 564 mil MVA.

Desafios

Uma das inovações do PDE 2034 é a sua estruturação em cadernos temáticos específicos, divulgados ao longo de 2024 e posteriormente consolidados em um documento final. Segundo a EPE, essa abordagem permite uma visão mais detalhada dos desafios do período, incluindo a expansão necessária para atender às interligações regionais.

No caderno de transmissão de energia são detalhados seis estudos: (1) expansão das interligações regionais, (2) atendimento de data centers, (3) atendimento das cargas de hidrogênio, (4) aumento da confiabilidade/introdução de novas tecnologias, (5) redução de encargos de serviços de sistema e (6) aumento da resiliência frente a eventos climáticos extremos.

A divisão de temas ocorreu para focar nos diferentes desafios de infraestrutura, caso do escoamento da produção de energia renovável no Nordeste para o Sul e Sudeste.

Entre os destaques do material está o desenho da implementação do novo eixo de transmissão planejado para escoar os excedentes do Nordeste, que é uma região exportadora de energia.

Com volume estimado entre 3 GW (gigawatts) e 4 GW para as regiões Sul-Sudeste, esse canal de transmissão deverá cobrir distâncias entre 2 mil km e 3 mil km, basicamente em redes aéreas.

Em função dessas longas distâncias, os documentos analisam a adoção da tecnologia de corrente contínua em alta tensão (HVDC).

Embora a tecnologia HVDC convencional não seja nova no Brasil, os técnicos avaliam a introdução de uma variação, o VSC (Voltage Source Converters – Conversores Fonte de Tensão), considerando análises de LCC (Life Cycle Cost, ou custo do ciclo de vida do ativo).

O VSC, que seria inédito no país, apresenta maior flexibilidade operacional.

Com isso, pode ser utilizado inclusive para interligações de eólicas offshore com o continente. Os sistemas HVDC são uma escolha estratégica, pois permitem o transporte de grandes blocos de energia por longas distâncias com menores perdas e, frequentemente, de forma mais econômica em comparação com sistemas de corrente alternada para as mesmas finalidades.

Outra tecnologia analisada no PDE 2034 são os sistemas FACTS (Flexible AC Transmission Systems – Sistemas Flexíveis de Transmissão em Corrente Alternada), adotados para melhorar o fluxo de energia e a estabilidade das redes de transmissão. A solução está sendo aplicada em reforços nas Demais Instalações de Transmissão (DIT) em São Paulo, mais especificamente nas cidades de São José do Rio Preto e Votuporanga.

A meta é aumentar a confiabilidade e atender ao crescimento da carga.

Novas demandas impulsionam expansão: data centers e hidrogênio de baixo carbono

Os estudos da EPE na área de transmissão também mapearam a demanda de data centers, estimada em 2,5 GW até 2037, em especial no estado de São Paulo, onde nove projetos concentrariam 1,6 GW.

Nesse caso, as aplicações de inteligência artificial são apontadas como as principais demandantes de energia.

Já para a produção de hidrogênio, a rede de transmissão prevista considera os projetos concentrados no Nordeste, estimados em 35,9 GW até 2038.

Em função desse volume alto, a EPE deve elaborar, futuramente, um estudo à parte para avaliar o impacto dessa demanda na rede de transmissão de energia.

Outro tema importante no período analisado é o vencimento de concessões existentes.

Por decisão do Ministério de Minas e Energia (MME), essas concessões serão relicitadas por meio de leilão. 

Por fim, o documento detalha como poderá ser a evolução das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) até 2034, um assunto de interesse geral do setor elétrico.

Para o cálculo da TUST, foram utilizados dois cenários energéticos: um baseado no Despacho Proporcional Regional (DPR) e outro no Despacho Proporcional Nacional (DPN). Para a simulação no ano de 2034, foi atribuído um fator de participação de 50% para cada um desses cenários, indicando os seguintes resultados correspondentes à média anual (podendo variar conforme o cenário de carga e geração praticados):

TUST-Geração no PDE 2034

As tarifas calculadas para os submercados Sul (4,039 R$/kW.mês) e Sudeste/CO (5,964 R$/kW.mês), que são os principais centros de carga, apresentaram-se menores que as dos submercados Norte (8,067 R$/kW.mês) e Nordeste (9,580 R$/kW.mês). Este resultado é considerado coerente, uma vez que projetos de geração mais próximos aos centros de carga resultam em menor necessidade de transporte de energia pela rede de transmissão de longa distância.

TUST-Carga no PDE 2034

O inverso ocorre em relação à TUST-Carga. As tarifas para 2034 foram estimadas em Sudeste/CO (12,762 R$/kW.mês), Sul (15,506 R$/kW.mês), Norte (10,344 R$/kW.mês) e Nordeste (8,836 R$/kW.mês).

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